segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ORAÇÃO DA UMBANDA


Creio em Deus, onipotente e supremo, creio nos Orixás e nos espírito Divinos que nos trouxeram para a vida por vontade de Deus,
Creio nas falanges espirituais orientado os homens na vida terrena,
creio na reencarnação das almas e na Justiça Divina segundo a lei do retorno,
creio na comunicação dos guias espirituais encaminhado-nos para caridade
e pratica do bem, creio na invocação, na prece e na oferenda como atos de fé e creio na Umbanda como religião redentora capaz de nos levar pelo caminho da evolução até nosso Pai Oxalá.
Assim Seja!!!

OS 10 MANDAMENTOS DA UMBANDA


1. Na existência de um Deus, único, onipotente, onisciente e onipresente, incriado, criador de todas as coisas, irrepresentável sob qualquer forma e adorado sob o nome de ZAMBI;


2. Em entidades espirituais, em plano superior de evolução, que não necessitam de novas reencarnações, responsáveis pela organização dos mundos e dos seres que neles habitam.
São os Orixás, Santos, Chefes de Linhas e Falanges, executores diretos da Vontade Divina. Entre eles, Oxalá, o Cristo Planetário da Terra e, como tal, primeiro na hierarquia deste planeta;


3. Em guias espirituais e protetores, sábios, poderosos e bondosos, porém necessitados ainda de reencarnações para seu aperfeiçoamento. São mensageiros dos Orixás e Santos;


4. Em seres da natureza e suas energias cósmicas que, quando manipulados com sabedoria e bondade, sob a forma de magia, auxiliam a peregrinação do homem;


5. Na imortalidade do espírito, sobrevivendo à morte física, a caminho da evolução;


6. Na reencarnação, possibilitando o aprendizado e aprimoramento do espírito;


7. Na Lei do Carma, instituindo que cada ação gera uma reação;


8. Na necessidade do ritual como elemento mágico e disciplinador;


9. Na prática da mediunidade, sob as mais variadas modalidades, com o objetivo de caridade material e espiritual;


10. No respeito às demais religiões, porque todas constituem caminhos de progresso espiritual que conduzem a DEUS.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A ORIGEM DA UMBANDA


Flores

Os primeiros cultos começaram a se difundir por volta de 1763. Com a designação de macumba experimentaram certo período de resplendor que se apagou no inicio deste século. Debilitaram-se com as concessões feitas as tradições culturais de Angola. Assim é que passaram a adotar danças semi-religiosas (gongo e o caxaruin) e o culto dos mortos.
A adesão de novos brasileiros fortaleceu a absorção de elementos nacionais, desenvolvendo-se, assim, praticas espiritistas e ocultistas ao lado de novas divindades caboclas e negras. O processo sincrético que deu origem a Umbanda desenvolveu-se em


· Primeira: Africana ou básica - resultado da sedimentação de contribuições árabes, egípcias, semíticas, etc., formando os cultos básicos das nações que nos forneceram escravos. 
· Segunda: Indígena - os negros que se embrenhavam nas matas, principalmente os de origem banto identificam-se com o que havia de, semelhante nos cultos dos indígenas.
· Terceiro: Européia ou católica - os negros e índios, incapazes de assimilar a religião católica que lhes era imposta pelos padres, fizeram-no imperfeita ou parcialmente no que havia de correspondência - com suas divindades tradicionais.
· Quarta: Espiritista - após a libertação dos escravos vemos a integração do seu culto ao culto espiritista que se difundia entre as elites brasileiras desde 1873. Dai começa, então a se formar um novo culto, que se distancia dos candomblés da Bahia.

A nova religião que se derivou deste processo sincrético obteve varias denominações. Em Angola, dava-se o nome de Mbanda ao sacerdote, e ao invocador de espíritos, Ki-Mbanda. Desta forma, em principio, Umbanda queria dizer sacerdote; depois, por extensão, passou a designar, "local de culto", e, finalmente, para nós, brasileiros, a religião. Já em 1894, através da palavra de Hely Chanterlain encontramos o registro dos termos com o seu significado e derivação.
Partindo dai, a macumba-mista do Rio de Janeiro, produto sincrético de praticas espíritas, culto dos orixás e magia européia, foi aos poucos tendendo para a denominação de Umbanda. Para Edson Carneiro existe uma diferença básica entre a Umbanda e a Macumba, e ambas sobrevivem lado a lado. "As confrarias, chamadas a principio macumbas, compreendiam a linguagem mágica dos tambores e a possessão da divindade de acordo com o modelo original - e por isso se viram expulsas do perímetro urbano carioca; as sucessoras, ou aquelas que se adaptaram as novas exigências policiais, passaram a chamar-se Umbanda, suprimindo os tambores e moderando a possessão".

O primeiro Congresso Umbandista realizou-se no Rio de Janeiro em 1941, visando estruturar uma pratica religiosa, o que já se fazia há mais de trinta anos, desordenadamente. Nele foram delimitados os elementos de cujo sincretismo surgiu a Umbanda nas suas diversas apresentações, já que não ha uma unidade doutrinaria e ritual. E justamente o objetivo de seus órgãos de tentar tal unificação para o maior fortalecimento da religião.

Atualmente a Umbanda surge como um fenômeno social de maior importância, dado seu crescente predomínio. Já conta atualmente, no Grande Rio, com centenas de terreiros adeptos, o que a coloca na situação de religião prevista pelos estudiosos como a que devera predominar daqui a alguns anos.

Apesar da tradição africana, a Umbanda pode ser considerada essencialmente brasileira. Os santos se adaptam ao ambiente. Usa-se uma linguagem direta e compreensível. Os cultos africanos podem servir de modelo no que se refere à comunicação.

Tal adaptação explica o sucesso do crescimento da Umbanda. Alem disso, o crescimento da Umbanda no Grande Rio prende-se, sobretudo, aos anseios populares que encontram nesta religião uma identificação imediata, principalmente nas camadas mais baixas da sociedade. Para isso muito contribui:

a) o ritual, simples e direto. O médium adota a roupagem numa igualdade de condições com o ambiente;

b) comunicação simples e.direta - o crente fala diretamente com a entidade, através de seu cavalo; sem maiores problemas e com muita simplicidade, o crente trata dos seus assuntos de forma espontânea e clara, numa linguagem de fácil compreensão

c) o imediatismo - a possibilidade de resolver seus problemas em curto prazo

d) o sincretismo religioso - o que contribui positivamente para que seja cada vez maior o número de adeptos aos cultos umbandistas. Através dos caboclos, pretos-velhos e exus, observa-se uma integração das religiões, cujos resultados poderão ser benéficos para os que buscam a Umbanda como um acordo extensivo da religião católica, que ainda respeitam e acreditam mas que dela se distanciam cada vez mais;

e) a música, extremamente simples e de poesia singela, atinge diretamente o sentimento do povo. Os instrumentos são de percussão e o ritmo vibrante marca todo o culto;

f) a facilidade de se entrar em contato com a religião, para se fazer à cerimônia religiosa.

UMBANDA SUA HISTÓRIA ATRAVÉZ DO SÉCULO

Umbanda é o grande e verdadeiro culto que os espíritos humanos encarnados, na Terra, prestam por intermédio dos orixás. Desse culto participam os espíritos elementais e os espíritos humanos desencarnados.
 Flores
A principal finalidade do culto de Umbanda é o serviço às criaturas humanas e espíritos humanos encarnados ou desencarnados, seja por meio da doutrinação ou por meio do auxilio espiritual, nas dificuldades materiais e morais, alivio ou cura de doenças.

Esse culto deve ser prestado com humildade, pureza e disposição a caridade. Humildade, Pureza e Caridade são os três requisitos indispensáveis a pratica da Umbanda. Há quem diga que na Umbanda não deve haver doutrinação, pois que se supõe ser ela exclusivamente kardecista.

Não é bem assim. A Umbanda não exclui a doutrinação, que tanto pode ser dada pelo presidente das sessões, como pelos espíritos incorporados nos médiuns.Na sua essência e na sua finalidade, a Umbanda é idêntica a todas as religiões do passado e do presente.

Umbanda reconhece um Ser Supremo, trino na sua manifestação cósmica, as hierarquias de entidades espirituais, o papel que essas hierarquias desempenham no Universo, as suas funções, a evolução dos espíritos.

A Umbanda tem a sua origem africana, pois é um nome de origem quimbandeira que quer dizer o seguinte:


Mágico, Curandeiro, Chefe de Terreiro, De conformidade, porém, com a extraordinária definição de um iluminado Guia, e a mais alta expressão da Magia Universal em direção ao caminho da Perfeição e da Sabedoria Divina. Esta definição talvez seja criticada e censurada, entretanto, esperamos que os seus possíveis críticos e censores não confundam Magia com mágica.

Esta definição de Umbanda merece da parte de todos nos, seus aprendizes, uma profunda analise, meditação e um meticuloso estudo, porque já é chegado o momento de não mais se confundir Umbanda com Africanismo, visto nada existir de comum entre ambos, tal como não existe entre habeas-corpus e Corpus Christi; e se alguma coisa de comum existisse, e que, os africanos como todos os povos do mundo, desde épocas imemoriais, praticam a Magia em sua forma evoluída, rudimentar, intuitiva ou por tradição, isto é, de pais para filhos, de povos para povos, de tribos para tribos.

Devemos observar também que, muito antes da chegada dos escravos ao Brasil, os índios que aqui se encontravam, quando do descobrimento, já realizavam verdadeiras sessões e trabalhos espíritas em suas práticas ritualísticas. Estudar as forcas extraterrestres que nos envolvem e as quais estamos submetidos e subordinados, quer queiramos ou não; viver em harmonia com o Universo Infinito como partes integrantes que somos desse Todo Indivisível deve ser o nosso esforço e empenho para que, com os frutos dos nossos estudos e de nossa aprendizagem possamos tirar a máxima eficiência nos trabalhos que viermos a realizar, seja em nosso próprio beneficio, seja em beneficio de nossos irmãos encarnados ou desencarnados.

Esta é, na realidade, a Umbanda que compreendemos e que praticamos, muito diferente daquela tão difundida por ai e que serve de fonte de enriquecimento ilícito de supostos médiuns que vêem no Terreiro nada mais que um balcão comercial, mas nunca um Templo de Fraternidade onde pontificam com sabedoria, espírito de renuncia, humildade, devotamento e caridade, espíritos de elevada superioridade dos Pretos-Velhos e Caboclos.

A definição do nome de Umbanda é a seguinte: Temos, em linguagem oriental antiga, a palavra UM, que significa Deus, e BANDA, também da mesma origem, que quer dizer agrupamento, legião. A influencia do Oriente sobre os povos africanos,foi a causa de que, no Brasil, recebêssemos a Umbanda da África dado a grande massa de africanos que emigraram para o Brasil na época colonial. Muitos historiadores que se tem ocupado com o estabelecimento da Umbanda no Brasil, afirmam que ela teve inicio, pode-se dizer, logo após o seu descobrimento, afirmando ainda que, por volta de 1930, já andava por cerca de dois milhões de negros africanos que, dentro dos seus usos e costumes, praticavam os mais estranhos e bárbaros rituais.

Mas, deixando a parte histórica da Umbanda, a qual seria muito longa, devemos aqui apelar para todos os verdadeiros umbandistas que queiram seguir o caminho certo para fazerem o melhor uso que lhes for possível de todos os atributos dos protetores que assistem a todos nós, pois essa colaboração é indispensável, a,fim de que, unidos nesse mesmo ideal, possam dar a Umbanda o lugar de respeito que ela tem, o direito de esperar de todos nos, isto é, de todos os que estão convocados para trabalhar em grandiosa e fraternal oficina. Em resumo, a Umbanda é a Caridade, nada mais.

LENDAS DOS ORIXAS

OXALÁ

Lendas de Oxalá


Oxalufã (Oxalá velho) era um rei muito idoso que andava com dificuldade, apoiado em seu cajado, o opaxorô. um dia, sentindo saudades do filho xangô, resolveu visitá-lo. Como era costume na terra dos Orixás, consultou um Babalaô para saber como seria a viagem. Este recomendou que não viajasse. Mas, como o Orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três roupas brancas e limo da costa ( pasta extraída do caroço de dendê ) e fazer tudo o que lhe pedissem.


Com essas precauções, o Orixá partiu e, no meio do caminho, encontrou Exu Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da estrada, com um pote ao lado. Com boas maneiras, ele pediu a Oxalufã que o ajudasse a colocar o pote nos ombros. O velho orixá, lembrando as palavras do Babalaô, resolveu auxiliá-lo; mas Exu Elepô, que adora brincar. Derramou todo o dendê sobre Oxalufã.


O orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo, vestiu outra roupa e seguiu viagem. Mais adiante encontrou Exu Onidu, dono do carvão, e Exu Aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por duas vezes mais foi vitima dos brincalhões e procedeu como da primeira vez, limpando-se e vestindo roupas limpas, continuando sua caminhada rumo ao reino de xangô.


Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia muito bem, pois presenteara Xangô com o animal tempos atrás. Resolveu amarrá-lo para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado pelos soldados, que julgaram-no um ladrão. Sem permitir explicações, eles espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para a prisão. Usando seus poderes, Oxalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante; as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis.


Preocupado com isso, Xangô consultou seu Babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos fora acusado de roubo injustamente. O Orixá dirigiu-se a prisão e reconheceu o pai. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpá-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao pai, como forma de reparar a ofensa cometida. é por isso que em todos os terreiros do Brasil comemora-se as águas de Oxalá, cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e limpam seus apetrechos com profunda humildade para atrair a boa sorte para o ano todo.





Oxalá era marido de Nanã, senhora do portal da vida e da morte. E por determinação dela, somente os seres femininos tinham acesso ao portal, não permitindo aproximação de seres masculinos em hipótese alguma. Determinação que servia também para Oxalá, que com o passar do tempo não se conformava com esta decisão, não só por ser marido de Nanã, como por sua própria importância no panteão dos orixás. Assim pensou até que encontrou uma forma de burlar as determinações de sua esposa. Não fugindo de sua cor branca, vestiu-se de mulher, colocou o adê (coroa) com os chorões no rosto, próprio das iabás e aproximou-se no portal satisfazendo enfim sua curiosidade. Foi pego, porém, por Nanã no exato momento em que via o outro lado da dimensão. Nanã aproximou-se e determinou: - "Já que tu, meu marido, vestiste-te de mulher para desvendar um segredo tão importante, vou compartilhá-lo contigo. Terás, então, a incumbência de ser o princípio do fim, aquele que tocará o cajado três vezes ao solo para determinar o fim de um ser. Porém, jamais conseguirás te desfazer das vestes femininas e, daqui para frente terás todas as oferendas fêmeas!" E Oxalá passou a comer não mais como os demais santos aborós (homens), mas sim cabras e galinhas como as iabás. E jamais se desfez das vestes de mulher. Em compensação, transformou-se no senhor do princípio da morte e conheceu todos os seus segredos.

TEMPO

 LENDA ....

Os Angolas e os Congos, que cultuam os antepassados, contam uma historia sobre esse Inkice (Orixá). Relatam que ele era um homem muito agitado, que resolvia varias coisas ao mesmo tempo e que realiza varias tarefas de uma só vez.

Reclamava, entretanto, que o dia era muito pequeno e que não conseguia realizar tudo aquilo que desejava, nos prazos estabelecidos por ele mesmo. Reclamava demais. Cobrava de Zambi (Oxalá nas nações Angola e Congo) ter nascido lento e incapaz de realizar tudo o que pretendia, mesmo que, na realidade, fosse um homem forte, veloz, astuto e competente. Mesmo assim, não se considerava capacitado para realizar seus objetivos e acusava Zambi de ter feito o dia muito pequeno.

Um dia, Zambi lhe disse:

- Você e muito afoito. Parece que errei em sua criação, pois você não se conforma com o eu feito.

E ele retrucou a Zambi:

- Não tenho culpa se o Senhor, Pai, fez o dia tão pequeno. As horas são tão miúdas que não dá tempo para realizar tudo aquilo que planejo!

E Zambi, aborrecido, mas admirado pela coragem do seu filho, determinou então:

- Já que você considera que o tempo é pequeno, passará,então,a controlá-lo e administrando o verão, o inverno, o outono e a primavera. Andará, então, pelo fogo, pela água, pela terra e pelo ar. Não terá, mas problemas de tempo. Será, então conhecido com Tempo e regerá os movimentos da Natureza.

E, na terra, o povo clama o seu Inkice entoando a cantiga:

“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!

E Tempo para trabalhar...

“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!

E Tempo para comer...

“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!

E Tempo para beber...

“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!

E Tempo para viver...”

Poderia eu falar mais desta maravilhosa e tão importante força da Natureza mas, no momento, falta-me tempo!

YEMANJÁ

Filha de Olokun, Iemanjá nasceu nas águas. Teve três filhos: Ogum, Oxossi e Exu.
Conta a lenda que Ogum, o guerreiro, filho mais velho, partiu para as suas conquistas; Oxossi, que se encantara pela floresta, fez dela a sua morada e lá permaneceu, caçando; e Exu, o filho problemático, saiu pela mundo.

Sozinha Iemanjá vivia, mas sabia que seus filhos seguiam seus destino e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram adultos.

Comentava consigo mesma:

- Ogum nasceu para conquistar. É bravo, corajoso, impetuoso. Jamais poderia viver num lugar só. Ele nasceu para conhecer estradas, conquistar terras, nasceu para ser livre. Exu, que tantos problemas já me deu, nasceu para conhecer o mundo e dos três é o mais inconstante, sempre preparado surpresas; imprevisível, astuto, capaz de fazer o impossível, também nasceu para conhecer o mundo. Oxossi, meu querido caçula, bem que tentei prendê-lo a mim, mas no fundo sabia que teria seu destino. Ele é alegre, ativo, inquieto. Gosta de ver coisas belas, de admirar o que é bonito e é um grande caçador. Nasceu para conhecer o mundo também e não poderia segurá-lo...

Iemanjá estava perdida em seus pensamentos quando viu que, ao longe, alguém se aproximava. Firmou a vista e identificou-o: era Exu, seu filho, que retornara depois de tanto tempo ausente. Já perto de seu mãe, Exu saudou-a e comentou:

- Mãe, andei pelo mundo mas não encontrei beleza igual à sua. Na conheci ninguém que se comparasse a você!

- O que está dizendo, filho? Eu não entendo!

- O que quero dizer é que você é a única mulher que me encanta e que voltei para lhe possuir, pois é a única coisa que me falta fazer neste mundo!

E sem ouvir a resposta de sua mãe, Exu tomou-lhe à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, pois Iemanjá não poderia admitir jamais aquilo que estava acontecendo. Bravamente, resistiu às investidas do filho que, na luta, dilacerou os seis da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu “caiu no mundo”, sumindo no horizonte.

Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokun e ao Criador, Olorun. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo, dando origem aos mares.

Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos Orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros, na corte.

Iemanjá que, deste modo, deu origem ao mar, procurou entender a atitude do filho, pois ela é a mãe verdadeira e considerada a mãe não só de Ogum, Exu e Oxossi, mas de todo o panteão dos Orixás.

OGUN

Lenda.....

Ogun é filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxossi. Por este ultimo nutre um enorme sentimento, um amor de irmão verdadeiro e poderoso, capaz de matar e aniquilar quem puser em risco a tranqüilidade de seu mano Oxossi. Há quem diga, até, que Ogun zela mais pelos filhos de Oxossi que pelos seus próprios, tal é o sentimento que ele tem pelo irmão.

Ogum era um caçador, tranqüilo, calmo, pacato. Bom filho, bom irmão, atencioso e trabalhador. Era ele quem provia sua casa e família, pois Exu gostava de viajar pelo mundo. Oxossi, ao contrario, era mais descansado e contemplativo. Como irmão mais velho, então Ogun cuidava da caça, dos concertos, etc. Mas, dentro de seu coração, existia um enorme desejo em “ganha o mundo”, como seu irmão Exu.

Num belo dia, ao voltar de uma exaustiva caçada, Ogun viu sua casa e família ameaçada por guerreiros de terras distantes. Ao ver a casa em chamas e seus entes queridos clamando por socorro, Ogun tomou-se de ira e, sozinho, cheio de ódio, arrasou com os agressores, não deixando um só de pé.

Daí por diante Ogun iniciou Oxossi na arte das caça; mostrou-lhe os caminhos e trilhas da floresta e lhe disse:

- Sempre que estiveres em perigo pense no seu irmão. Onde eu estiver voltarei para defendê-lo.

Aproximou-se de Iemanjá e se despediu:

- Mãe, preciso ir. Preciso vencer e conquistar. Está no meu sangue, essa é a minha vontade.

Desta forma, Ogun partiu e tornou-se o maior guerreiro do mundo. Mesmo sem exercito, vencia todos os exércitos, conquistando tudo aquilo que queria. Ogun se tornou a vitória, a força da conquista.

Esse Orixá, de temperamento explosivo e coração quente, é a força da Natureza talvez mas temida e respeita. Ogun é o gás, a explosão, a guerra, o choque de dois carros, o ferro retorcido, a luta entre os homens e os animais. Ogun é a valentia, a bravura, a coragem, a estocada, a largada, a chegada vitoriosa.

Ogun também é o ciúme, o desabafo, a disputa. Senhor dos metais e incapaz de ser derrotado.

O elemento de Ogun é a terra, e dependendo das qualidades , ou sejam sua fundamentação, carrega também os elementos água e ar.

Quando você sentir seu pulso, seu coração batendo, tenha certeza, Ogun está presente. Quando sentir que seu sangue corre nas veias, pense com convicção. Ogun está presente. Enquanto sentir que existe vida dentro de si, saiba, Ogun a está mantendo e abençoado.

XANGÔ

Filho de Bayani e marido de Iansã, Obá e Oxum, Xangô nasceu para reinar, para ser monarca e, como Ogum, para conquistar e solidificar, cada vez mais, sua condição de rei.

Uma das lendas que mostra bem o senso de justiça de Xangô, é aquela conta a história de uma conquista, feita pelo deus do trovão.Xangô, acompanhado de numeroso exército, viu-se frente à frente com o exército inimigo. Seus opositores tinham ordens de não fazer prisioneiros, destruir o inimigo, desde o mais simples guerreiro até os ministros e o próprio Xangô. E, ao longo da guerra, foi exatamente o que aconteceu. Aqueles que caíam prisioneiros dos exércitos inimigos de Xangô eram executados sumariamente, sem dó ou piedade, sendo os corpos mutilados devolvidos para que Xangô visse o suposto poder de seu inimigo.

Batalhas foram travadas nas matas, nas encostas dos morros, nos descampados. Xangô perdeu muitos homens, sofreu grandes baixas, pois seus inimigos eram impiedosos e bárbaros.

Do alto da pedreira, Xangô meditava, elaborava planos para derrotar seu inimigo, quando viu corpos de seus fiéis guerreiros serem jogados ao pé da montanha, mutilados, com os olhos arrancados e alguns com a cabeça decepada.

Isto provocou a ira de Xangô que, num movimento rápido e forte chocou seu machado contra pedra, provocando faíscas tão fortes que pareciam coriscos. E quanto mais forte batia mais os coriscos ganhavam força e atingiam seu inimigo.

Tantas foram as vezes que Xangô bateu seu machado na rocha, tantos foram os inimigos vencidos. Xangô triunfara, saíra vencedor. A força de seu machado de emudeceu e acovardou inimigo.

Com os inimigos aprisionados, os ministros de Xangô clamaram por justiça, pedindo a destruição total dos opositores. Um deles lembrou Xangô:

- Vamos liquidá-los a todos. Eles foram impiedosos com nossos guerreiros!

- Não! – enfatizou Xangô – meu ódio não pode ultrapassar os limites da justiça! Os guerreiros cumpriam ordens, foram fiéis aos seus superiores e não merecem ser destruídos. Mas, os líderes sim, estes sofrerão a ira de Xangô.

E, levantando seu machado em direção ao céu, Xangô gerou uma seqüência de raios, destruindo os chefes inimigos e liberando os guerreiros, que logo passaram a servi-lo com lealdade e fidelidade.

Assim, Xangô mostrou que a justiça está acima de tudo e que, sem ela, nenhuma conquista vale a pena, e o respeito pelo rei é mais importantes que o medo.

Esse é Xangô que, apesar de ser grande guerreiro, justo e conquistador, detesta a doença, a morte e aquilo que já morreu. Xangô é avesso a eguns (espíritos desencarnados). Admite-se que ele é numa espécie de ímã de eguns, daí sua aversão a eles.

Xangô costuma entregar a cabeça de seus filhos a Obaluaê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.

O elemento fundamental de Xangô é o fogo.

OXALUFAN

Lendas

... o povo busca água para Osalufan
Êpa Babá!
Oxalufã era o rei de Ilu-ayê, a terra dos ancestrais, na longínqua África. Ele estava muito velho, curvado pela idade e andava com dificuldade, apoiado num grande cajado, chamado opaxorô.
Um dia, Oxalufã decidiu viajar em visita a seu velho amigo Xangô, rei de Oyó. Antes de partir, Oxalufã consultou um babalaô, o adivinho, perguntando-lhe se tudo ia correr bem e se a viagem seria feliz. O babalaô respondeu-lhe: "Não faça esta viagem. Ela será cheia de incidentes desagradáveis e acabará mal."
Mas Oxalufã tinha um temperamento obstinado, quando fazia um projeto, nunca renunciava. Disse então ao babalaô: "Decidi fazer esta viagem e eu a farei, aconteça o que acontecer!"
Oxalufã perguntou ainda ao babalaô, se oferendas e sacrifícios melhorariam as coisas. Este respondeu-lhe: "Qualquer que sejam suas oferendas, a viagem será desastrosa." E fez-lhe ainda algumas recomendações: "Se você não quiser perder a vida durante a viagem, deverá aceitar fazer tudo que lhe pedirem. Você não deverá queixar-se das tristes consequências que advirão. Será necessário que você leve três panos brancos. Será necessário que você leve, também, sabão e limo da costa."
Oxalufã partiu, então, lentamente, apoiado no seu opaxorô. Ao cabo de algum tempo, ele encontra Exú Elepô,
Exú "dono do azeite de dendê". Exu estava sentado à beira da estrada, com um grande pote cheio de dendê.
_ Ah! Bom dia Oxalufã, como vai a família?, pergunta Exú.
_ Oh! Bom dia Exu Elepô, como vai também a sua?
_ Ah! Oxalufã, ajude-me a colocar este pote no ombro.
_ Sim Exu, sim, sim, com prazer e logo.
Mas de repente, Exu Elepô virou o pote sobre Oxalufã. Oxalufã ficou coberto de azeite e seu pano inutilizável. Exu, contente do seu golpe, aplaudia e dava gargalhadas. Oxalufã, seguindo os conselhos do babalaô, ficou calmo e nada reclamou. Foi limpar-se no rio mais próximo. Passou o limo da costa sobre o corpo e vestiu-se com um novo pano; aquele que usava ficou perto do rio, como oferenda.
Oxalufã retomou a estrada, andando com lentidão, apoiado no seu opaxorô. Duas vezes mais ele encontrou-se com Exu. Uma vez, com Exu Onidú, Exu "dono do carvão"; Outra vez, com Exu Aladi, "dono do óleo do caroço de dendê". Duas vezes mais, Oxalufã foi vítima das armadilhas de Exu, ambas semelhantes à primeira. Duas vezes mais, Oxalufã sujeitou-se às consequências. Exu divertiu-se às custas dele, sem que conseguisse, contudo, tirar-lhe a calma.
Oxalufã trocou, assim, seus últimos panos, deixando na margem do rio os que usava, como oferenda. E continuou corajosamente seu caminho, apoiado em seu opaxorô, até que passou a fronteira do reino de seu amigo Xangô.
Kawo Kabiyesi, Xangô Alafin Oyó, Alayeluwa! "Saudemos Xangô, Senhor do Palácio de Oyó, Senhor do Mundo!"
Logo, Oxalufã viu um cavalo perdido que pertencia a Xangô. Ele conhecia o animal, pois havia sido ele que, há tempos, lhe oferecera. Oxalufã tentou amansar o cavalo, mostrando-lhe uma espiga de milho, para amarrá-lo e devolvê-lo a Xangô. Neste instante, chegaram correndo os servidores do palácio. Eles estavam perseguindo o animal e gritaram: "Olhem o ladrão de cavalo! Miserável, imprestável, amigo do bem alheio! Como os tempos mudaram; roubar com esta idade!! Não há mais anciãos respeitáveis! Quem diria? Quem acreditaria?"
Caíram todos sobre Oxalufã, cobrindo-o de pancadas. Eles o agarraram e arrastaram-no até a prisão. Oxalufã, lembrando-se das recomendações do babalaô, permaneceu quieto e nada disse. Ele não podia queixar-se, mas podia vingar-se. Usou então seus poderes, do fundo da prisão. Não choveu mais, a colheita estava comprometida, o gado dizimado; as mulheres estéreis, as pessoas eram vitimadas por doenças terríveis. Durante sete anos, o reino de Xangô foi devastado.
Xangô, por sua vez, consultou um babalaô, para saber a razão de toda esta desgraça. "Kabiyesi Xangô," respondeu-lhe o babalaô, tudo isto é consequência de um ato lastimável. Um velho sofre, injustamente, preso há sete anos. Ele nunca se queixou, mas não pense no entanto... Eis a fonte de todas as desgraças!"
Xangô fez vir diante dele o tal ancião. "Ah! Mas vejam só!" - gritou Xangô. "É você, Oxalufã! Êpa Baba! Exe ê!!
Absurdo! É inacreditável, vergonhoso, imperdoável!!! Ah! Você, Oxalufã, na prisão! Êpa Baba!! Não posso acreditar e, ainda por cima, preso por meus próprios servidores!
Hei! Todos vocês! Meus generais! Meus cavaleiros, meus eunucos, meus músicos! Meus mensageiros e chefes de cavalaria! Meus caçadores! Minhas mulheres, as ayabás!
Hei! Povo de Oyó! Todos e todas, vesti-vos de branco em respeito ao rei que veste branco!
Todos e todas, guardai o silêncio em sinal de arrependimento!
Todos e todas vão buscar água no rio! É preciso lavar Oxalufã!
Êpa Baba! Êpa, Êpa!
É preciso que ele nos perdoe a ofensa que lhe foi feita!!!
... teimosia de Osalufan
Osalá foi consultar os adivinhos para saber como conduzir melhor sua vida. Os velhos aconselharam-no a oferecer aos outros deuses uma cabaça grande cheia de sal e um pedaço de pano, para não passar vergonha na terra. Osalá como era muito teimoso, deu de ombros aos conselhos e foi dormir sem cumprir o recomendado. Durante a noite, Esú entrou em sua casa trazendo uma cabaça cheia da sal, amarrando-a às costas de Osalá, que jazia em profundo sono.

Na manhã seguinte, Osalá despertou corcunda e desde então tornou-se o protetor dos corcundas, albinos, aleijados e lhe foi proibido o consumo de sal.
... Yemonja sua esposa
Yemonja, a filha de Olokum, foi escolhida por Olorum para ser a mãe dos Orixás. Como ela era muito bonita, todos a queriam para esposa; então, o pai foi perguntar a Orunmilá com quem ela deveria casar. Orunmilá mandou que ele entregasse um cajado de madeira a cada pretendente; depois, eles deveriam passar a noite dormindo sobre uma pedra, segurando o cajado para que ninguém pudesse pegá-lo. Na manhã seguinte, o homem cujo cajado estivesse florido seria o escolhido por Orunmilá para marido de Iemanjá. Os candidatos assim fizeram; no dia seguinte, o cajado de Oxalá estava coberto de flores brancas, e assim ele se tornou pai dos Orixás.
... Osalá e Esú
Certa vez, quando os Orixás estavam reunidos, Oxalá deu um tapa em Exu e o jogou no chão todo machucado; mas no mesmo instante Exu se levantou, já curado. Então Oxalá bateu em sua cabeça e Exu ficou anão; mas se sacudiu e voltou ao normal. Depois Oxalá sacudiu a cabeça de Exu e ela ficou enorme; mas Exu esfregou a cabeça com as mãos e ela ficou normal. A luta continuou, até que Exu tirou da própria cabeça uma cabacinha; dela saiu uma fumaça branca que tirou as cores de Oxalá. Oxalá se esfregou, como Exu fizera, mas não voltou ao normal; então, tirou da cabeça o próprio axé e soprou-o sobre Exu, que ficou dócil e lhe entregou a cabaça, que Oxalá usa para fazer os brancos.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

OXAGUIAN

Oxagian

Lendas

... comedor-de-inhame-pilado
Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido. Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto!
Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e assim passou a ser chamado. Awoledjê, seu companheiro, era babalaô, um grande advinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era rodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas. Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada. Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.
Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. "Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!" Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse. "Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se". Desde então, todos os anos, no fim da sêca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair. A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, tanbém, na Bahia. Por ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do Orixá "Comedor-de-inhame-pilado." Exê ê! Baba Exê ê!
... Oxaguian encontra Iemanjá e lhe dá uma Filho
Houve um tempo em que os orixás viviam do outro lado do oceano. Mas depois tiveram que vir para o lado de cá, para acompanhar seus filhos que foram trazidos como escravos. Assim vieram todos e assim veio Oxaguian. Oxaguian veio boiando na superfície do mar, navegando no tronco flutuante de uma árvore. A travessia durou muito tempo, mas de um ano. Foi nessa viagem que Oxaguian conheceu Iemanjá, que era dona do próprio mar em que viajava Oxaguian. Logo se conheceram e logo se gostaram. Oxaguian era moço, forte, corajoso; Iemanjá era mulher bonita destemida e sedutora. Iemanjá engravidou de Oxaguian e nove meses depois deu a luz à um menino, que já nasceu valente e forte, querendo guerrear. Mais tarde chamaram o menino de Ogunjá, porque o guerreiro gostava de comer cachorro. Sempre que ia à guerra, a mãe o acompanhava e então todos a chamavam Iemanjá Ogunté.
Oxaguian, Ogunté e Ogunjá formam uma família de guerreiros. E eles são muitos festejados no Brasil.
... Orisa sem cabeça
Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido.

Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com sua cabeça ela esquentava muito e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos e sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o Orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.

A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
Oxaguian - O guerreiro que não conhece a derrota!

Eis o Senhor do Dia, o Orixà do progresso e da cultura, o Orixà da vida e também da efervescência da vida, da discussao, da guerra e do avanço, da estratégia, da inteligência, do branco, do claro, do positivo e do masculino!!
Orixà moço, Oxalá criança, às vezes adolescente, não passando do jovem adulto Ajagunan!! Brinda o Universo com vida, com energia, com o lúdico e com a guerra e a cultura. Traz o Dia, traz o tempo, traz a evoluçao e o ritmo!

Este controvertido Orixà, apenas superado em controvérsia por Exù, já traz os paradoxos em sua criação. Pois para alguns ele é filho de Oxalà com Yemanjá, mas na grande maioria da cultura este Orixà é o próprio Oxalá, em idades mais tenras! Quando sua missao era outra que apenas a administraçao da Criação, mas sim a de lançá-la, de construí-la e de fazê-la possível! A natureza destes dois aspectos do mesmo Orixà é tao distinta e paradoxalmente semelhante, que ao mesmo tempo que o separa em dois Orixàs distintos, os une no mesmo Orixà ao final da compreensão do momento, missão e natureza deste Orixanlà (Supremo Orixà)!

Este Orixà é nascido do Odù Eji-Ogè, do primeiro alento de vida de Olorùn (Deus), com ele véio o dia primordial e consigo a vida! À ele Olorùn confiou a vida, o dia e a criaçao! Que não pôde realizar só, senão com a ajuda de sua irmã Odudua, nascida logo a seguir pelo Odù Oyekù e o surgimento da sombra emergida do brilho do dia e da vida, trazendo consigo a noite, o feminino, a morte. Ambos terminaram sob as ordens de Olorùn a Criação dos 9 mundos e do Aiyé (o mundo manifesto) e todos os seus habitantes, tendo como dinamizador desta relação o terceiro Orixà mais velho: Exù (esfera), aquele que faz girar o Axé destes dois princípios e que assim cria os caminhos possíveis para a realização do plano divino.

Conta uma lenda que, após espalhada a terra pela galinha de pata com cinco garras, desceram os Orixàs para construírem o Aiyé, vieram antes de todos Ogyan e Ogun. Trabalharam arduamente construindo o mundo, quando a espada de cristal de Ogyan se rompe sob o peso da terra e da pedra. Era o instrumento celestial de Oxalà frágil para lidar com a rude matéria. Sem saber como continuar, veio Ogun que havia presenciado o ocorrido, e ofereceu à Oxalà sua própria espada para q Oxalà continuasse a trabalhar. Enquanto Ogun continuou com as próprias mãos!! Devido a isso Ogun goza de eterno prestígio com Oxanguian, que sempre o abençoa em todo os seus empreendimentos e trabalhos!
Há uma relaçao muito íntima, sem dúvida entre Ogun e Ogyan, tanto que muitos devotos e até mesmo sacerdotes o confundem com uma “qualidade branca” de Ogun... somente o desconhecimento para levar a esta proposiçao, haja visto que o grande Ogun é um ébora, enquanto Ogyan é um Irunmonlè!...

Ogyan divide com Ogun algumas regências, como a guerra, o espírito de luta e o progresso cultural e tecnológico. No entanto são dois Orixàs absolutamente distintos, ainda q companheiros.

Ogyan é em si o Orixà da Vida, do Dia, do Masculino, da Guerra e do Progresso! Enquanto Ogun, primordialmente, era o Orixà da caça. Que deixou para seu irmão mais novo Oxóssi, enquanto foi se ocupar de “ganhar o mundo”. Com a ajuda de Ifà descobriu o FERRO e como manipulá-lo, era este o material que “ganharia o Mundo”, assim o metal seria o elemento mais necessário e mais respeitado neste plano de matéria, sempre rivalizando com o fogo sua hegemonia (donde se tira sua eterna rivalidade e contenda com seu irmao Xangô, o fogo). Quando descobriu o FERRO todos os Orixàs invejaram a descoberta de Ogun. No entanto, nem o próprio Ogun sabia exatamente o valor de tal descoberta. Foi sua parceria com Ogyan que o fez descobrir até em que extremo ele saberia explorar todo o valor desta descoberta. Pois Ogyan o estrategista efervescente, colocou Ogun para confeccionar todos os instrumentos que inventava! E assim Ogun e Oxalá produziram todos os instrumentos de labor, de cultivo, construçao e tb de guerra!! Sendo assim Ogun, o Orixà do Ferro, se tornou tb um dos patronos da construçao, do progresso, do trabalho, da agricultura e da guerra! Ainda se pode ver, em suas danças míticas, Ogun fazendo uso dos instrumentos que confeccionou, ao mesmo tempo que se pode ver, nas danças míticas, Ogyan apresentando cada instrumento criado por seu inventivo intelecto: A espada, a Lança, o Escudo, o pilao!...

Em outras lendas temos Oyà, mesmo no castelo de Xangô, sopra o fogo na forja de Ogun, para que ele possa confeccionar mais rápido a demanda de Ogyan de armas e utensílios para que este possa usar em suas batalhas! Tanto que ventos fortes e furacoes são tidos como prenúncios de guerra, pois seria o poderoso e apressado sopro de Oyà para acelerar uma enorme produção de armas para a guerra de Ogyan!

Assim sendo, Ogyan é o Orixà da Guerra, enquanto Ogun é um de seus patronos e um grande general de batalha! A distinção dos dois giraria na mesma distinção entre o Ares e a Atenas gregos, ambos deuses da guerra, tendo distinção na forma de guerrearem e da natureza do combate. Ogun e Ares (grego) são viscerais, sao furiosos, lutam corpo a corpo, brandindo sua espada com poderosa e inumana força, destroçando tudo o que estiver em seu caminho de guerreiro, sem muita distinção e discernimento, é o calor da batalha, a cegueira da fúria, o gosto pela violência e pela força, junto consigo está a companhia das forças mais obscuras do Universo, assim como Ares vem junto phobbos (medo), entre outras divindades obscuras e até mesmo demoníacas, Ogun vem acompanhado de Ikù (a morte) entre outras divindades terríveis!... Ogun furioso é uma força indomável e absolutamente terrível, contrastando com seu caráter humilde, reto e justo de trabalhador honesto e incansável quando está trabalhando diligentemente. Tanto que é um Orixà de justiça, muito severo, mas reto e verdadeiro. É um grande Orixà!!

Ogyan, assim como a Atenas grega, é um Orixà do gosto pela batalha como depuradora de verdades e otimizadora de progressos!! Possui o gosto pelo debate, pelo combate das idéias e dos conceitos em busca de uma síntese mais perfeita, é o criador da luta entre a tese e a antítese, em busca de uma superior síntese, que novamente será posta à prova, e assim incessantemente até chegar à perfeiçao que este Orixà almeja! É isto, ou NADA!! Assim configurando mais um aspecto de seu caráter dado a extremos! Ogyan gosta da luta, do confronto entre idéias e ideais, entre técnicas, entre modos, caminhos e objetivos para que assim ao final surja algo mais limpo, mais reto, mais claro, mais progredido! Não suporta em si o calor da batalha, nem a confusão em si, a violência, despreza a barbárie (é um Orixà da cultura e do progresso), a desonra, a covardia, o medo, tudo isso ele ignora. Mas se regozija da guerra quando esta consegue trazer a evolução e a depuração necessárias para que a vida cresça e ascenda a outro patamar de cultura e compreensao! A confusão e a guerra, é um instrumento que Ogyan utiliza para que faça saltar a verdade, e assim, uma vez liberta, que a justiça e o progresso se façam!! Um Orixà q busca trazer o valor à tona, utilizando de momentos de extremos, para que o vício ou a virtude se apresentem. É o brilho do dia, que com seu esplendor força os contrastres ao extremos clareando e definindo tudo! É a visão e a verdade! Nenhuma dissimulaçao ou meia-verdade resiste ao vigor de seu brilho que define as naturezas e traz à tona as verdades.

É um Orixà de estratégia, deixando o campo de batalha para seu companheiro Ogun, que se compraze com a violência do campo de batalha. Sendo assim Ogyan é o general e Ogun seu direto imediato! A Ogyan cabe os respeitos e a honra! Tanto que além da saudação digna aos Oxalàs: “Exe ê!” e “Epa Babà”, também exige o “Kabiesyi!” digno dos Reis!!

Ogyan é o inventor e Ogun seu artesão! Ambos espírito e técnica são invencíveis!! Sua parceria é algo tao íntimo que encontramos em diversas lendas a união dos dois! Em outra lenda mostra a natureza extrema de Ogyan e como foi importante a parceria com Ogun para encontrar um ponto de equilíbrio:

Ogyan sentia fortes dores de cabeça, pois seu Orì era demasiado branco! Era um excesso de vida e atividade, pediu auxílio e encontrou Ikù, que lhe disse que poderia resolver este seu problema, desta demasiada claridade, assim Ikù atirou sobre o Orì de inhame branco de Ogyan uma grande quantidade de Ossum, o que tornou a cabeça agora azul-marinha quase negra! Ogyan que sofria de imensas dores de cabeça devido à extrema claridade, agora era assombrado pelas trevas de Ikù (a morte). Uma extrema depressão e fobia tomou conta dele! Perambulando perdido pelas ruas, encontrou Ogun, que com seu Obè (espada) misturou os dois ingredientes (yan- inhame pilado e ossum) tornando a cabeça de Ogyan uma mistura das duas – branca e azul! Assim Ogyan pôde viver e prosperar, tendo sempre ao seu lado o seu fiel companheiro Ogun!

Esta lenda pode-se entrever a natureza extrema deste Orixà, às vezes muito branco, às vezes quase negro!! Ele nasceu de Eji-Ogbè (Eji-Onilé para o Merindilogun) um Odù de extremos! Às vezes os filhos de Ogyan, como é comum para os filhos de Oxalà, devido justamente à extrema brancura, sofrem de rinites, sinusites e outras alergias naturais à uma cabeça muito branca, assim como também a fotofobia, que a lenda relata. Também sabe-se que seu comportamento é de extremos, e muitas vezes após a sua disposição extrema até quase maníaca, eles caem depois em uma grande fadiga ou até mesmo depressão... Vão ao céu e ao inferno praticamente no mesmo dia. Mais uma vez os extremos da lenda. E os fantasmas, as situaçoes obscuras e mal-resolvidas, são os agentes de maior perturbação para seu filhos, que não suportam não discernir e resolver por completo uma situação. Necessitam sempre deixar tudo às claras!! Assim as trevas (as sombras) são o que lhes deprime e atemoriza! Assim, como é comum à todos os Oxalàs, não pode se ver manchado. Quando digo manchado me refiro ao “manchar o alà branco com dendê...”! Ou seja, manchar a reputaçao!!
E outro ponto muito interessante ainda a ser explorado nesta lenda é a questao do trabalho ser o ponto de equilíbrio para o Orì de Ogyan, assim como o afiado discernimento!

Quando aparece Ogun e com sua espada mistura harmoniosamente as duas tendências, na verdade Ogun e a espada são símbolo do trabalho e do progresso, assim como da batalha. Somente o trabalho pode reunir as duas tendências extremistas de Ogyan para um ponto em comum de progresso e saúde, que é o trabalho. A necessidade de Ikù participar da formaça da cabeça de Ogyan é pq os filhos de Ogyan sem temores, angústias e questoes a elucidar nao se movem, e assim ficam se ressentindo de tanto talento armazenado e não explorado! É a uniao da motivação, do talento, com a necessidade e a angústia o que faz eles se moverem!! Mas apenas a espada, ou seja, o discernimento afiado, que os filhos de Ogyan possuem por excelência, é que fará com que consigam aplicar tudo isto de modo equilibrado, saudável e proveitoso!! E isto será aplicado no trabalho, ou na batalha, fazendo emergir o valor, o novo, a virtude ou o vício, tudo para limpar o caminho e trazer o progresso! E como meta última, a perfeiçao! Não é necessário dizer que os filhos de Ogyan são perfeccionistas natos, e não perdoam a sua obra até atingirem a perfeiçao... nunca estará bom para eles, até que lhes pareça perfeito... Toda a obra para eles será sempre apenas um ensaio, a próxima será melhor, e talvez, a definitiva... Para um Orixà do progresso nunca existe a obra definitiva... e assim caminharão até à perfeição!

São, como todos os Oxalàs, altivos ao mesmo tempo que humildes. Existem muitas “qualidades” ou muitos Orixàs sob esta classificação... não pretendo aqui discorrer sobre todas que seriam um grande número... com todas as suas multifaces e idiossincrasias. Basta tentar classificar as maiores tendências.

Existe uma diferença em muitas casas que definem os Ogyans que portam pilão, e os Ogyans que portam espada. Assim os que portam o pilão seriam doces, progressistas e sociàveis, equilibrados. Enquanto os que portam espada seriam os desafiadores, os “encrenqueiros”, de humor instável e severos progressistas! No entanto ainda sabe-se que em outras casas, todos portam tanto uma quanto a outra, sendo apenas momentos do Orixà... e devendo ser acompanhado para buscar sempre estar equilibrando o Orixà.
Alguns Ogyans no entanto são mais infantis que outros, outros são mais guerreiros e dados à batalhas, e assim vai, dependendo do aspecto do Ogyan correspondente. Em comum todos possuem uma alegria inesgotável, um vigor invejável, uma mente brilhante e afiada, um discurso ainda mais reluzente e afiado! Uma mente criativa e por demais inventiva! Uma coragem de propósitos inigualável e uma rebeldia nata. A inconformidade é seu traço mais comum, para todos o bom pode ainda ficar melhor, e lutarão por isso!! Quado saciarem esta fome de perfeiçao, encontrarão a maturidade e a paz que no fundo é o que mais desejam...

Seu nome Oxanguian vem de uma lenda, em que o senhor de Ejigbô, este mesmo Orixà, gostava muito de comer inhame pilado, de tal modo que inventou o pilao, para que ficasse mais fácil de produzir sua comida predileta. Assim o chamaram, seus amigos de Oxanguian, que significa, Orixà comedor de inhame pilado!

Um dia Awoledjé, seu babalawó resolve partir em peregrinaçao após lhe dar sábios conselhos sobre como dirigir sua cidade recém conquistada. E realmente Ejigbó tornou-se a grande cidade que Awoledjé previra: Com grandes muralhas, grandes construções, luxo, exércitos, etc, etc, todo o luxo que um grande reino exigia. Awoledjé quando retornou mal reconheceu a cidade. E chegando aos porteiros da cidade pediu para ver o “comedor de inhames”, bastou para que os soldados ficassem absolutamente indignados com o tratamento desrespeitoso do forasteiro em relaçao ao seu querido Rei. E então, após surrá-lo bastante, o prenderam na masmorra mais fétida que havia. Muito triste com o tratamento recebido pela cidade que havia ajudado a fundar, Awoledjé invocou um encanto que trouxe a esterilidade e a seca para Ejigbó. Passado uns anos reinar estava impraticável... entao ogyan pediu para os adivinhos descobrirem o q se passava com seu reino. E Ifà lhes diz que um amigo foi preso injustamente em seu reino! Imediatamente Elejigbó pede para repassarem todos os veredictos do reino e é quando reencontra seu amigo Awoledjé, transfigurado pelos maus tratos recebidos. Oxanguian estava desconsolado... como ele podia ter feito isto ao amigo?? Imediatamente manda lavarem Awoledjé, o alimentarem com as melhores comidas, vesti-lo de branco (traje de honra) e após todo o tratamento convence a Awoledjé que retire o encantamento que secava o seu povo. Awoledjé aceita, mas impôs uma única condiçao: Todos os anos, no fim da seca, deverão todos os habitantes de Ejigbó dividirem-se em duas tribos que deveram golpear-se com varetas de madeira até estas se quebrarem! E é assim que até os dias atuais Ejigbó nesta época se dividem os bairros de Ixalê Oxolô e Okê Makpo para golpearem-se até quebrarem-se todas as varetas! Esperando que a chuva caia e a fertilidade retorne.

Esta lenda demonstra mais uma característica, além de Ogyan portar as armas acima referidas, também porta o Irukeré (rabo de cavalo branco) símbolo de sua realeza! E também a vareta de amoreira... demonstrando que possui também uma forte ligaçao e regència sobre os mortos... Ogyan, o Orixà da vida por excelência, também é o Orixà da vida após a vida! Sendo assim rege os mortos e sua lembrança viva...

BARA

BARÁ

BARÁ É uma divindade criada e manifesta desde os tempos primordiais,ligado a forças energéticas, e como todos os demais orixás ,tem atribuições específicas .
É BARÁ quem estabelece a extensa rede de comunicação entre os seres humanos e a natureza divina que nos circunda.Está diretamente ligado e relacionado com as partículas atômicas,as cargas eletrônicas que o sangue se encarrega de distribuir.
Portanto, BARÁ atua como plasma sanguíneo, bioelétrico.
Na verdade Ele esta associado à vários tipos de radiações energéticas que formam complexos agrupamentos,que logo se auto-organizam como uma rede de forças uniformes,ou seja,uma coleção de partículas(elétrons,íons,partículas neutras)ligadas a produção de radiação e oscilação de caracteres diversos.
Desta forma ,o plasma biológico (BARÁ),permite estabelecer uma co-relação entre os processos internos do organismo e as condições externas do ambiente. Assim,o plasma pode ser definido como manifestação bioelétrica natural de todo o organismo vivo.
Ilustrando bem esta situação quanto a energia que envolve este orixá,temos uma frase muito usada no meio espiritualista,ou seja:-BARÁ está frio,ou BARÁ está quente.Por esta frase é bem simples entender como através da complexidade que é esta energia atuando de forma direta na VIDA.
Quando BARÁ está próximo,a esfera,a sua aura é avermelhada e sua pele,por mais frio que esteje a temperatura ambiente,estará quente.Respondendo facilmente ao 'toque',ou seja ao 'sacudimento'.
O chamado popular de sangue quente.
Quando ocorre a pessoa ter o afastamento desta energia ,quando esta desequilibrado ou rompido com o ser,a sua aura,a sua esfera vibracional,fica completamente azul.O sujeito passa a agir com absoluta emoção,acaba se perdendo e desorganizando a sua vida,já que informações de fora não chegam corretas e completas ao cérebro,da mesma maneira que as de dentro não atingem a consciência do todo.
A dualidade é uma realidade característica do universo.O equilibrio é mantido sob dois pólos.O homem por si só caracteriza-se por ser dual:CORPO e ESPÍRITO.
Esta dualidade muitas vezes cria controvérsia,e, temos com orixá BARÁ ,talvez a mais polêmica e controvertida energia.Dúvidas imputada pela distorção do conhecimento.Estímulo da imaginação visando manipular atravéz do medo usando má fé e principalmente a influência negativa por falta de conhecimento,bitolando as mentes das pessoas,incuntindo a maldade , o feio como oposto de uma nova criação mandatária e interesseira sendo o legado do bem,do belo,do divino.Pura ignorância .Mas por muito tempo BARÁ foi tido ,e o é ainda por muitos,como a personalização do demônio,do diabo.
Da mão ruim de deus?Não ,claro que não ,o demônio é simplesmente ruim e deus simplismente bom. Simples, não achas?
Mas não é verdade e chega as margens da grosseria.
BARÁ,não é demônio,muito menos a negação da bondade.
BARÁ é o elemento dialético do cosmo,está em todo local,é o >ser-força<,que esta em toda parte e pertence a todos os domínios existentes.
Esta energia esta diretamente associada e cumprindo o organograma estipulado por OLODUMARÉ,sendo ,mensageiro dos demais deuses,pois só ele pode dar movimento as coisas.No universo tudo esta em movimento,evolução.Tudo está ativo. Organizadamente ativo.E somente BARÁ pode dar sequência
a evolução,pois somente ele pode transportar a mensagem do som que sai.
O fogo crescente que inicia seu caminho.
É importante frizar que os demais orixás , com suas responsabilidades em termos universal,tem também um BARÁ individualizado para servir de elemento de ligação entre o divino e os mortais.E mesmo assim BARÁ não perde sua individualidade, sua energia,muito ao contrario,ele absorve a energia a que esta vinculado e recomeça junto com a sua energia nova trajetória harmonizado com o todo,visando o cumprimento da regra do conjunto.NÃO IMPORTA QUEM FAÇA.TEM QUE SER FEITO.
BARÁ é o primeiro filho de IEMANJÁ.Originalmente era o sol nascente,o fogo serpentino,crescente,criador e também destruidor.
Cheio de vigor.Governa o fluxo de energia e a realização correta dos fenômenos naturais,mensageiro entre deuses e mortais,por este motivo tornou-se o senhor dos caminhos,trabalhador nas encruzilhadas,estradas,portas,porteiras,etc.
Fogo serpentino.Liberto e autônomo.Grande poder de construir e destruir. Mas não aceite o destruir como sinônimo de estragar,mas sim,uma necessidade de modificação buscando manter a evolução e o movimento.Incansável e muitas vezes com fortes contradições.
Orixá BARÁ tem o previlégio de receber todas as obrigações em primeiro lugar.É o mercador que move o mercado,os negócios.
Amigo dos prazeres da vida.Adora comer,beber,cantar,dançar, rir,fazer amor.Não o sexo convencional,mas o charmoso,cheio de milindres,agrados,bajulamentos.
Sempre muito alegre,animado,brincalhão,inteligente e vivo.
É dado a fiscalização,e,a ele pertence o conhecimento do caminho,dos bons e maus costumes.Sempre atento a inovações.
Pode realizar qualquer tarefa,quando solicitado,desde que ganhe algo em troca.Nesse particular convém salientar o que já foi colocado,ou seja,sempre serve-se ou agrada-se o BARÁ primeiro, pois como realçamos , Ele é o intermediário entre deuses e mortais ,se não for agradado não adianta pedir a outras entidades,pois ele simplesmente ficará olhando as súplicas e não entrará em ação.BARÁ é a ação.
Com suas polaridades e inversões,faz lembrar que OBALUAIÊ,com seu BARÁ ,seu princípio dinâmino do existir não é apenas morte e sofrimento,mas sim e principalmente transformação e vida.BARÁ e OBALUAIÊ encontran-se na pele.
Pela sua dinâmica,influência ,BARÁ é uma entidade muito sensível que só OLODUMARÉ pode controlar.Entidade ciúmenta.
Deixo aqui um alerta,pois acredito ser muito oportuno para todo aquele que deseja entrar na estrada da vida margeando a linha dos orixás:BARÁ é BOM,o que não é bom é a conduta e postura dos homens que desejam utilizar a energia dele para situações que alterem a evolução,principalmente utilizando sua carga negativa, saturada.Alerto para a lei primeira: a lei do karma,causa e efeito.
Caminhante na estrada da redenção,que nossa consciência seja completa e que nossa fé não seja cega.
É normal que cada orixá e não poderia ser diferente com BARÁ, repasse a seus filhos encarnados um pouco do seu ser.De seus cacuetes,faniquitos e logicamente suas virtudes.
Os filhos deste orixá apresentam algum sinal tipico físico, problemas com circulação,cardíacos,articulaçoes e sistema nervoso ,emotivos ao extremo,ciumentos.São sonhadores,gostam de liberdade mas não as dão.Vida curta e agitada.Amigos dos prazeres da vida adoram comer ,beber,mas muitas vezes quando bebem,tudo pode mudar,tornando-se mentirosos, briguentos, rabujentos,provocativos,insolentes,desordeiros,indesejáveis, mal educados,atrevidos,principalmente provocadores de situações embaraçosas ligados a infedelidade conjugal. Maldosos.Ciumentos.Mania de vigiar,estando sempre atento em tudo e em todos.Não gostam de estar sozinhos.Adoram ser o centro das atenções,de chamar a atenção,muitas vezes até criando situações de embaraços.
Os negócios são feitos quaze que instantaneamente,pois são volúveis e mudam com frequência de opiniões.Sentem atrações por lidarem com fracos e doentes.Solidários.São de estaturas medianas,não se amendrontam com doenças,futuro e situações difíceis.
Numa conversação ,dificilmente seu pensamento estará ligado ao assunto,esta sempre correndo na frente.
Temperamento explosivo e impulsivo.Amoroso, radical, sonhador, adorador das surpresas e diferenças.Apaixonado pelo sexo oposto, infiél mas preso a uma única pessoa.Prestativo,amante fantástico, manhoso,amável.